Boletim Alegria de Rua ZN - 10/7

Boa noite amigos,
Poderia ter sido mais uma noite de decepção pois não encontrei nosso grupo de amigos na Parada Inglesa...foi então que reencontrei o Felipe, no Jaçanã, nosso amigo há tempos sumido (ou quase isso pois o vimos algumas vezes durante o dia, mas não na noite de ação). Entreguei cobertor e roupas pois perdeu suas coisas num ato insano de alguém que não compreende sua situação e colocou fogo em sua "barraca de lona". É amigos, isso existe sim, não é só em Brasília ou na TV. Em outra noite especial, tive mais uma lição de vida desse nosso amigo, me contando um pouco sobre sua trajetória no universo das drogas. Resumindo, sua história é parecida com o de vários jovens, envolvido com maconha aos 12 anos, em seguida a cocaína, e no passo seguinte, o tráfego por diversão, pra ter seu próprio dinheiro (tendo em vista que se diz de família de boa estrutura financeira). Nesse processo chegou ir até Mato Grosso, e outros lugares pra trazer droga. Esteve preso e passou por clínica de recuperação. Agora os pontos altos dessa noite de história. Ele disse: "Hoje eu sou feliz e tenho paz no coração, paz no espírito. Quando tinha dinheiro, vivia preocupado com meus bens, administrar minhas casas, pagar dívidas, etc. Era muito arrogante. Hoje estou aprendendo, neste deserto, a ser alguém melhor". Em outra ocasião, foi pedir uns trocados a um motorista de uma camionete cabine dupla, e o cara, todo aflito e estressado disse: "Cara, to sem grana, to numa situação complicada". Aí o Felipe disse a ele: "Calma amigo, Jesus está me ajudando e também irá te ajudar, não desista, eu já estive deste lado". Abriu o farol e ele saiu com o carro. Deu a volta e retornou pra conversar com o Felipe, e ali ficaram alguns minutos. Detalhe, o Felipe já esteve em casa de recuperação e chegou a ser trabalhador da casa. Mas devido a uma recaída, voltou as drogas e as ruas. Continuamos na luta para ajudá-lo.
Reflitam sobre suas vidas e o que realmente você dá atenção na sua vida, não deixem que o cotidiano suprima a verdadeira razão de estar onde está, fazer o que faz, agir como deve agir. E por favor, quando estiverem no trânsito e virem um carroceiro, um pedinte, respeite-o, não precisa dar esmola, muitas vezes eles precisam apenas de atenção, um olhar e troca meia dúzia de palavras, isso já o ajuda a lembrar que é um ser humano e que não é invisível.
Gde abco!